sexta-feira, 15 de julho de 2011

AS PIRÂMIDES E O MISTÉRIO DE ÓRION

As pirâmides há muito vêm fascinando Robert Bauval.  Ele é um engenheiro egípcio, filho de pais belgas, nascido em Al-Iskandariyaa (Alexandria), e passou a maior parte da sua vida trabalhando no Oriente Médio.  Por muitos anos ponderou sobre o significado de Sah, a constelação de Órion e sua ligação com as pirâmides.

Bauval sabia que a aparentemente inconsistente disposição das três pirâmides em Gizé não era acidental.  O problema há muito ocupava sua cabeça e a de seus amigos engenheiros.  Muitos concordavam que o alinhamento, embora incomum não era um erro, dado o conhecimento matemático que os egípcios tinham.

Enquanto trabalhava numa obra da Arábia Saudita, Bauval costumava passar as noites com a família e os amigos num churrasco no deserto.  Num desses finais de noite ao redor da fogueira, um amigo engenheiro, que também era astrônomo amador, apontou para a constelação de Órion, que se levantava atrás das dunas. Ele mencionou de passagem que as estrelas que formam o cinturão do caçador pareciam imperfeitamente alinhadas, e não formavam uma diagonal reta.  Mintaka, a estrela mais à direita, está ligeiramente fora do prumo.  Enquanto o amigo explicava, Bauval ia vendo a luz - o alinhamento das três estrelas correspondia  perfeitamente ao das pirâmides de Gizé !

Inicialmente Bauval usou o programa de astonomia Skyglobe para checar o alinhamento das estrelas em 2450 A.C.  O software foi suficiente para clarear a mente de Bauval quanto ao valor da sua descoberta.  O programa Skyglobe também pode colocar a Via-Láctea nos mapas celestes que produz, e ao fazer isso Bauval encontrou as evidências para a sua teoria.  Gizé está a oeste do Nilo, da mesma forma que Órion está a "oeste" da Via-láctea, e na mesma proporção em que Gizé está para o Nilo.

Bauval colocou a precessão das Três Marias e descobriu que, devido à sua proximidade no espaço e à sua grande distância da Terra, há 5 mil anos as estrelas apareciam exactamente do mesmo modo como são vistas hoje.  Claro, elas mudaram em declinação -antes estavam abaixo do equador celeste, a cerca de 10 graus de declinação.
 
A astronomia é fundamental na Teoria da Correlação de Bauval.  Em um ciclo de 26 mil anos, o eixo do nosso planeta oscila levemente e isso leva a uma mudança aparente na posição das estrelas.  Esse fenómeno é conhecido pleno nome de precessão.  Enquanto a Terra oscila, a Estrela Polar que marca o Pólo norte celeste vai mudando.  Actualmente, a estrela Polaris marca esse ponto, mas, na época das pirâmides, no lugar dela estava Thuban, da constelação Draconis.  Dentro de dez anos, a estrela Vega, da constelação de Lira, irá ser o pólo norte celeste.

Outra mudança na posição das estrelas é provocada pela expansão do universo. As estrelas não estão paradas no espaço - elas têm o que se chama de movimento próprio.  Algumas estão se movendo em direcção à Terra, enquanto outras estão se afastando. Grupos de estrelas relacionadas, como as Três Marias, em Órion, tendem a se mover juntas pelo espaço.

A mudança da posição de uma estrela está em função, entre outras coisas, de  sua  distância do local de observação.  Estrelas que estão muito longe parecem se mover bem devagar.  Este é o caso das Três Marias, distantes aproximadamente 1,4 mil anos-luz Terra.  Assim, através dos séculos, elas mudaram sua declinação, e hoje nascem e se põem em tempos diferentes.  Mas elas retêm sua forma característica por causa da distância.
 
É muito importante entender que o céu era diferente no tempo das pirâmides. A forma geral das Três Marias tem permanecido igual, embora muitas outras partes do céu tenham mudado drasticamente.  Graças aos sofisticados programas de computador, é possível projectar o céu de volta no tempo, o que permitiu a Bauval verificar e construiu sua teoria.

As relações que tal descoberta implica são fascinantes.  Os egípcios eram dualistas, tudo em que pensavam e em que acreditavam tinha sua contraparte - causa e efeito, direita e esquerda, leste e oeste, morte e renascimento - e nada era visto isoladamente. Eles construíram em Gizé uma réplica exacta do cinturão de Órion, o destino do Faraó, o Duat.  Longe de ser uma tumba, a pirâmide seria o ponto de  partida da jornada do rei morto de volta às estrelas de onde veio.
 
A egiptologia tradicional acredita que os egípcios praticavam a religião solar, centrada na adoração de Ra.  O culto a Ra, cujo centro era Heliópolis, a Cidade do Sol, era sem dúvida importante, mas parece que era um apêndice de uma religião estelar ainda mais antiga.  Toda a evidência que tem surgido sugere que Ra era meramente um dos instrumentos pelos quais o rei retornava ao tempo primordial, e não ao seu objectivo final. A aplicação da Astronomia ao estudo do Antigo Egito mostra que as estrelas tinham importância definitiva no destino final do rei, como se pode notar pelo texto 466 recolhido na pirâmide : "Ó Rei, és esta grande estrela, a companheira de Órion, que gira pelo céu com Órion, que navega o Duat com       Osíris..."
 
O rei era muito importante por ser o elo entre os deuses e os homens, e era tratado com enorme respeito na vida e na morte.  Desde o momento de seu nascimento era educado e treinado para seu retorno às estrelas.  Cada aspecto da sua vida estava associado com sua jornada.  Ele aprendia as rezas e encantamentos (muitos foram colocados nos Livro dos Mortos), que lhe garantiria uma jornada segura.  Seu objetivo na vida era um retorno bem-sucedido, e a pirâmide, longe de ser uma tumba ou um memorial, era um ponto de partida dessa grande jornada.

Tirado aqui

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